"Sem barro nem macacadas a próxima exposição tem como título "Bonecos de
Barro". Colorida, mas triste… Melhor, negra e muito divertida, inaugura
manhã, 16 de Novembro, na Galeria Bacelos, em Madrid.
“A poeira que se levanta no caminho envolve-nos numa nuvem ocre.”
Seca-nos
a lingua. Pesa nos ombros e nos pulmões. Sabendo ao que vinha, tirei da
gaveta um largo lenço de algodão tingido de azul e fiz-me touareg.
No
ar há mais do que pigmento ocre. As cores misturam-se e a nuvem é um
verde pardo, tal é a confusão – as cores originais da plasticina que
moldo são irrecuperáveis.
As pinturas estão suspensas sobre um
fundo negro que é “basura” e cosmos – na capital os lixeiros fazem
greve. Os títulos contam uma história que é a de qualquer um de nós:
floresta-pico; sol-chuva; barro-vitral; morte-muro.
Falar de
caminho pode parecer existencialsmo barato, guia de sobrevivência para
perdidos. Mas eu sou um rato de montanha e por cá “camiño” liga-se à
busca do divino ou a uma forma de turismo cultural. E então, também será
sobre isso.
A pintura enquanto janela, paisagem ou retrato pouco
diz. Já a pintura enquanto valor é outra história. Os valores da
tradição, ou “aquilo que tem valor” – nem que seja um cântaro com àgua –
diz um pouquinho mais.
Não precisamos de ler as duas faces de uma nota para saber quanto vale. Sabemos bem o que nos dizem e o que fazer com estas.
Cara ou croa. É o jogo da sorte, ou o acaso que nos trouxe até aqui.
Que bom que nos encontramos – os funerais também servem para isto.".
.
.